É. O ano acabou. Só falta natal, prova final e só. Que ano louco da porra. Passei meio ano em uma escola, meio ano em outra. Descobri altas coisas nessa nova escola e o quando a outra vai estar guardado na minha memória. Pelos amigos, pelos rocks, pelos (poucos) professores. O ensino médio ta acabando. A minha vida vai começar agora. Saca que 3 anos da minha vida foram disperdiçados?? Porra, eu tou no 3° ano e não me lembro de porra nenhuma que eu aprendi no ensino médio. Nada. Ainda bem que tudo isso ta acabando. É uma sensação louca, essa de estar no momento de passagem entre o nada e o novo. As futuras experiências, os futuros dias de praça da alegria, os futuros finais de período... eu quero logo tudo isso!
Té mais.
(se eu fosse escrever algo naquele livrinho do pio x eu escreveria isso)
segunda-feira, 6 de dezembro de 2010
quarta-feira, 5 de maio de 2010
quinta-feira, 22 de abril de 2010
café.
Eu descobri a melhor invenção já criada pelo homem: A cafeteira. Cara, é muito fodíssimo. Você bota o pó do café, bota água, vai no computador, volta e pronto. simples assim. Agora eu durmo 10 minutos a mais! chega de ficar na boca do fogo com um sono dos inferno (de manhã antes de ir pro colégio) e mexendo a porra do café! E depois pra coar? vish... A minha vida tá tão mais simples por causa disso...
sim, só pra constar, chamboque é looooser no Bumper Stars.
tááá chamboque, votou em 'que mizerinha' só porque eu falei a verdade???
sim, só pra constar, chamboque é looooser no Bumper Stars.
tááá chamboque, votou em 'que mizerinha' só porque eu falei a verdade???
quarta-feira, 21 de abril de 2010
ATCHIM!!
Estive assistindo o NatGeo um dia desses e passou uma propaganda que dizia o seguinte: 90% dos peixes grandes (do mar) estão extintos e que daqui a mais ou menos 50 ou 60 anos não vai mais existir pesca. DIGAÊ! O ser humano é tão filho-da-puta que conseguiu não só fuder com a própria espécie, mas também levou um monte de outras espécies junto.
Acho que seria um bem ao planeta Terra espirrar e excretar todos os seres humanos de sua face. Um alívio global.
Acho que seria um bem ao planeta Terra espirrar e excretar todos os seres humanos de sua face. Um alívio global.
quinta-feira, 15 de abril de 2010
religião
bem, estive vasculhando meus emelhos e vi esse texto que eu tinha escrito para a prova final de religião. aí vai:
Desde que o homem é homem que ele tenta(com êxito, infelizmente) botar a ‘culpa’ dos acontecimentos naturais pra cima de um ser superior que pode ser chamado de Deus, Alá, Jah entre outros. E são essas forças religiosas que regiam e regem até hoje a sociedade Brasileira e mundial e que de alguma forma faz com que a sociedade não caminhe pra frente, pelo contrário, dê passos longos para trás. Talvez não os deuses em si, mas as instituições religiosas que estão por trás(não tão por trás assim), que sujam e acabam com a imagem dos tão amados e adorados Deuses.
Mas não só de trevas que são feitas as religiões. No caso do Candomblé ou Macumba, por exemplo, representam a resistência dos negros em relação aos exploradores europeus. Além do fator resistência, existe também o fator beleza e simplicidade em seus rituais, o que é difícil de ver nas religiões euro-asiáticas.
Historicamente, as religiões influenciaram muito nos acontecimentos. A idade média, por exemplo, foi marcada pela intolerância e pelo medo de perder o poder. Por falar em intolerância, praticamente nenhuma religião(incluindo os Ateus e Agnósticos) respeita ou tolera outro tipo de crença ou opinião. E é essa intolerância que gera diversos conflitos e em uma situação maior, até guerra.
Se hoje o Brasil é conhecido no mundo por causa do Samba – e de sua cultura em geral, é graças à cultura afro-brasileira que foi trazida pelos europeus em caravelas e em condições subumanas. E, se hoje ele é o país onde reside o maior número de católicos do mundo, é por causa de um sistema de exploração que foi usado na idade média para disseminar(impor) o catolicismo nas colônias européias, já que nas metrópoles a idéia de religião já estava muito avançada com o renascimento e com o protestantismo.
Ainda no quesito exploração, não só Brasil que os Europeus impuseram o Cristianismo Católico, na América e na África, culturas, ritos e religiões foram dizimadas graças aos nossos antepassados europeus. Foi graças à exploração euro-católica que perdemos mais de 6 milhões de índios e, conseqüentemente, perdemos sua tão rica e magnífica cultura. Foi por causa da exploração católica e européia que perdemos toda a sabedoria e cultura maia/asteca/inca. A exploração era tão forte que os templos incas eram derrubados e botavam uma igreja em cima para demonstrar a soberania metropolitana.
Hoje em dia, as igrejas tratam a fé das pessoas como mercadoria, como objeto. Tratam as fragilidades dos fieis sem afago, como coisa qualquer. Nessas igrejas que se vê em cada esquina, se tem como desculpa ‘espalhar a mensagem de Deus e Jesus Cristo’ mas, na verdade, querem usurpar do dinheiro e da mente das pessoas. Os fieis acabam por fim como zumbis. Zumbis a espera do tão esperado juízo final, em que Deus, o salvador, lhes dão o mais esperado ainda passaporte para os céus. Para os que foram malvados durante a vida, Deus os castigam e jogam-nos para o quinto dos infernos, onde o Demônio cuidará das suas almas até o fim dos tempos. Não só de controladores de marionetes que é feito a igreja, a pedofilia é mais do que comum dentro da igreja católica. Com tantas acusações, parece que a revolucionária palavra de Jesus Cristo não está nem um pouco cravada nos muros das igrejas. Parece que a milenar palavra de Deus não está nem um pouco cravada nos muros do vaticano, muito menos nas vestimentas do Papa, que além de ter a cruz vermelha em suas vestimentas já teve a suástica nazista no braço direito.
Me parece que uma das únicas instituições que tem poder para instaurar a paz e a justiça no mundo, despreza e contraria todos esses sentimentos e esse tão perigoso poder.
Desde que o homem é homem que ele tenta(com êxito, infelizmente) botar a ‘culpa’ dos acontecimentos naturais pra cima de um ser superior que pode ser chamado de Deus, Alá, Jah entre outros. E são essas forças religiosas que regiam e regem até hoje a sociedade Brasileira e mundial e que de alguma forma faz com que a sociedade não caminhe pra frente, pelo contrário, dê passos longos para trás. Talvez não os deuses em si, mas as instituições religiosas que estão por trás(não tão por trás assim), que sujam e acabam com a imagem dos tão amados e adorados Deuses.
Mas não só de trevas que são feitas as religiões. No caso do Candomblé ou Macumba, por exemplo, representam a resistência dos negros em relação aos exploradores europeus. Além do fator resistência, existe também o fator beleza e simplicidade em seus rituais, o que é difícil de ver nas religiões euro-asiáticas.
Historicamente, as religiões influenciaram muito nos acontecimentos. A idade média, por exemplo, foi marcada pela intolerância e pelo medo de perder o poder. Por falar em intolerância, praticamente nenhuma religião(incluindo os Ateus e Agnósticos) respeita ou tolera outro tipo de crença ou opinião. E é essa intolerância que gera diversos conflitos e em uma situação maior, até guerra.
Se hoje o Brasil é conhecido no mundo por causa do Samba – e de sua cultura em geral, é graças à cultura afro-brasileira que foi trazida pelos europeus em caravelas e em condições subumanas. E, se hoje ele é o país onde reside o maior número de católicos do mundo, é por causa de um sistema de exploração que foi usado na idade média para disseminar(impor) o catolicismo nas colônias européias, já que nas metrópoles a idéia de religião já estava muito avançada com o renascimento e com o protestantismo.
Ainda no quesito exploração, não só Brasil que os Europeus impuseram o Cristianismo Católico, na América e na África, culturas, ritos e religiões foram dizimadas graças aos nossos antepassados europeus. Foi graças à exploração euro-católica que perdemos mais de 6 milhões de índios e, conseqüentemente, perdemos sua tão rica e magnífica cultura. Foi por causa da exploração católica e européia que perdemos toda a sabedoria e cultura maia/asteca/inca. A exploração era tão forte que os templos incas eram derrubados e botavam uma igreja em cima para demonstrar a soberania metropolitana.
Hoje em dia, as igrejas tratam a fé das pessoas como mercadoria, como objeto. Tratam as fragilidades dos fieis sem afago, como coisa qualquer. Nessas igrejas que se vê em cada esquina, se tem como desculpa ‘espalhar a mensagem de Deus e Jesus Cristo’ mas, na verdade, querem usurpar do dinheiro e da mente das pessoas. Os fieis acabam por fim como zumbis. Zumbis a espera do tão esperado juízo final, em que Deus, o salvador, lhes dão o mais esperado ainda passaporte para os céus. Para os que foram malvados durante a vida, Deus os castigam e jogam-nos para o quinto dos infernos, onde o Demônio cuidará das suas almas até o fim dos tempos. Não só de controladores de marionetes que é feito a igreja, a pedofilia é mais do que comum dentro da igreja católica. Com tantas acusações, parece que a revolucionária palavra de Jesus Cristo não está nem um pouco cravada nos muros das igrejas. Parece que a milenar palavra de Deus não está nem um pouco cravada nos muros do vaticano, muito menos nas vestimentas do Papa, que além de ter a cruz vermelha em suas vestimentas já teve a suástica nazista no braço direito.
Me parece que uma das únicas instituições que tem poder para instaurar a paz e a justiça no mundo, despreza e contraria todos esses sentimentos e esse tão perigoso poder.
Deixa eu ser seu homem-aranha mary jane??
Estava eu no meu primeiro ano do ensino médio e num novo colégio que dava 30 vezes (em tamanho, não na qualidade) do antigo. Então um professor de Física nada normal (essa é uma característica de todos os professores de física FORMADOS EM FÍSICA que tive no ensino médio) de óculos redondos iguais ao do John Lennon – só que vermelhos – entra na sala de aula e diz que o colégio vai organizar um Festiva de Física. O festival funcionava da seguinte forma: cada turma recebia um tema e teria que fazer várias provas do tipo construir uma catapulta, responder algumas questões de física e fazer uma peça e uma música unindo o tema e a física. Então, fiquei com a responsabilidade de cuidar da parte de música. Até que um garoto filho de um jornalista “famoso” por aqui vem em minha direção e dá a proposta para uma música. Essa “música” era baseada numa swigueira* da banda Kuarto de Empregada chamada ‘Deixa eu ser seu homem-aranha Mary Jane’. É... É. Bem, isso foi motivo para tiração de onda até os dias atuais e esse cara ainda é tido como retardado. Mas, o mais engraçado disso tudo foi vê-lo cantando a paródia na frente da sala toda com uma coreografia extremamente tosca e depois escutá-lo dizer que passou a noite inteira estudando para fazer a música. Logicamente, não escolhemos essa música pra representar a sala. No fim do festival, ganhamos, pulamos na piscina do colégio, fomos suspensos(apenas verbalmente, pois como eram mais de 50 alunos, ninguém foi suspenso de fato) e ganhamos uma ótima história para contar para nossos netos.
*swingueira é uma mistura de axé com pagode que faz sucesso na época de carnaval em Lucena ou na Bahia.
aí vai a musica da banda Kuarto de Empregada:
*swingueira é uma mistura de axé com pagode que faz sucesso na época de carnaval em Lucena ou na Bahia.
aí vai a musica da banda Kuarto de Empregada:
sábado, 10 de abril de 2010
sexta-feira, 9 de abril de 2010
Grupo MoCarta
Nessas andanças pelo youtube, descobri um quarteto muito fodíssimo, o grupo MoCarta.
uma pequena amostra do que pode ser o grupo MoCarta:
outro deles é com Bobby McFarrim, que ficou muito foda também!
uma pequena amostra do que pode ser o grupo MoCarta:
outro deles é com Bobby McFarrim, que ficou muito foda também!
terça-feira, 6 de abril de 2010
Bush limpa sua mão 'suja' em Clinton
Durante uma visita recente ao Haiti com objetivo de avaliar as necessidades para a reconstrução do país, o ex-presidente norte-americano George W. Bush limpa a mão ‘suja’ de haitiano no também ex-presidente Bill Clinton. Essa ‘inesperada’ cena foi gravada pela BBC, o flagra foi gravado apenas por essa câmera. Até agora Bush não se manifestou e nem pretende se manifestar em relação ao ocorrido. Apesar do silencio, o vídeo rola por vários países e conta com mais de 100.000 exibições no youtube.
terça-feira, 16 de março de 2010
segunda-feira, 8 de março de 2010
domingo, 14 de fevereiro de 2010
mais um governo de guerras
A minha maior empolgação de 2009 foi saber que Obama iria entrar na casa branca e aquele filho-da-puta de Bush ia sair de uma vez por todas e, junto com ele toda aquela politicazinha de mandar montes e montes de militares para o afeganistão, iraque e compania ltda.
A minha maior frustração de 2010 foi saber que Obama não abandonou essa politica - vale ressaltar que o ponto forte da campanha de Obama foi criticar as ofensivas de Bush no Iraque - que vinha sendo executada no governo imbecil de Bush pai, e aprimorada no governo de Bush filho.
Acabo de saber que a ofensiva que o governo 'progressista' e Nobel da Paz mandou para o Afeganistão com o objetivo de combater a resistência talibã, matou 12 civis - inocentes - com um míssel. É lamentavel que um governo que trouxe tanta esperança para os habitantes do mundo inteiro tenha frustrado a todos nós, e matado de vez com toda a esperança.
A minha maior frustração de 2010 foi saber que Obama não abandonou essa politica - vale ressaltar que o ponto forte da campanha de Obama foi criticar as ofensivas de Bush no Iraque - que vinha sendo executada no governo imbecil de Bush pai, e aprimorada no governo de Bush filho.
Acabo de saber que a ofensiva que o governo 'progressista' e Nobel da Paz mandou para o Afeganistão com o objetivo de combater a resistência talibã, matou 12 civis - inocentes - com um míssel. É lamentavel que um governo que trouxe tanta esperança para os habitantes do mundo inteiro tenha frustrado a todos nós, e matado de vez com toda a esperança.
sexta-feira, 22 de janeiro de 2010
Haiti e a militarização nossa de cada dia, Sandra Quintela*.
Colômbia com mais sete bases militares. Honduras sob um golpe militar legitimado por uma eleição sem legalidade. A Quarta Frota reativada em 1° de julho de 2008, depois de mais de 50 anos desativada e cuja função é patrulhar o Atlântico Sul. E agora o processo crescente de militarização da ajuda humanitária no Haiti.
No último dia 13 de janeiro, o mundo acordou com uma calamidade de dimensões assustadoras: 1/3 da população de um país, três milhões de pessoas desabrigadas, mais de 100 mil mortos, cerca de 40 mil mulheres grávidas sem a menor perspectiva de um teto para abrigar seus filhos e filhas. A comunidade internacional se movimenta a passos lentos no sentido de responder o quanto antes a essa tragédia: o terremoto do dia 12 de janeiro no Haiti.
Como explicar que a longínqua China envie alimentos que chegam mais rápido que os dos EUA, que está a menos de uma hora de voo de Porto Príncipe? Como explicar que os mais de dois mil fuzileiros navais sejam os primeiros “bens” dos EUA a aportarem nesta ilha caribenha?
Cuba, Venezuela e a própria Comunidade do Caribe (Caricom) imediatamente enviaram seus médicos, pessoal qualificado para desastres dessa dimensão. O avião da Caricom não pode aterrissar no aeroporto Toussaint Louverture, assim como o avião da Força Aérea Brasileira. Tiveram que aportar em Santo Domingo, na República Dominicana, uma vez que os fuzileiros navais dos EUA tomaram o controle do aeroporto e dos portos haitianos.
Cabe a pergunta: como se fecha portos e aeroportos logo após uma tragédia dessa dimensão em que a comunidade internacional está se mobilizando para o envio de medicamentos, comida e roupas? Fechar portos e aeroportos não compõe uma estratégia de guerra? Assim sempre soubemos.
Desde 2004, o Haiti está ocupado pelas tropas militares da ONU através da Missão de Estabilização do Haiti – Minustah. Desde então, várias organizações nacionais e internacionais têm se posicionado pela retirada das tropas. Após seis anos de permanência no país, pouquíssimo fizeram para a reconstrução do Haiti.
Sabemos que o comando militar dessa missão está sob responsabilidade do Brasil. Por depoimentos já veiculados na mídia, soubemos que as tropas brasileiras estão fazendo do Haiti um campo de treinamento. Como já escrevemos em outros artigos, esses treinamentos servem ao processo de militarização de diversas periferias urbanas. Não é a toa que há treinamentos dessas tropas em favelas do Rio de Janeiro. Elas vão ao Haiti e depois retornam à cidade carioca, como foi o caso da ocupação do Morro da Providência pela Guarda Nacional, em 2008.
Nesse momento de catástrofe, nos perguntamos: que papel está tendo a Minustah? Onde estavam seus soldados nos primeiros dias da tragédia? Os relatos que nos chegam do Haiti são de que a população pobre ficou absolutamente abandonada.
Com o crescente papel dos EUA no processo de militarização da ajuda humanitária no Haiti, nos perguntamos o que faz o Presidente Obama, achando pouco enviar soldados que podem chegar ao número de 14 mil, mobilizar Bill Clinton e George W. Bush para serem os coordenadores do esforço de reconstrução do Haiti.
Como explicar que em um país tão pequeno e tão pobre do Caribe, dois ex-presidentes da maior potência de guerra do mundo – os EUA – sejam designados a cuidar de sua reconstrução? O que está por trás de tudo isso? Em nossa opinião, são estratégias de vários tipos de militarização de nossos países da América. Estamos vendo, ao vivo e em cores, em nome da ajuda humanitária, um país ser ocupado militarmente após uma catástrofe monumental.
Assim, temos que fortalecer o grito de retirada das tropas militares do Haiti. Não se faz ajuda humanitária com tropas militares. O povo haitiano, através de suas organizações e movimentos sociais, precisa ser apoiado para que sua voz fale mais alto no processo de reconstrução do país.
Desde última segunda- feira, (18/01) foi constituída no Brasil a Frente Nacional de Solidariedade ao povo haitiano formada por movimentos sociais do campo e da cidade, por centrais sindicais, pastorais sociais, movimento negro, de mulheres, enfim, um espectro amplo de organizações da esquerda brasileira. A tarefa central é trabalhar a ajuda direta junto a organizações sociais haitianas e pela retirada das tropas militares. Muito trabalho existe pela frente. A reconstrução do Haiti vai ser lenta. Mas, não esqueçamos a dívida histórica que todos temos com este país. O Haiti foi a primeira nação do mundo a abolir a escravidão. Será que é esse o seu pecado?
(*) Sandra Quintela, economista, é integrante do Instituto Políticas Alternativas para o Cone Sul (PACS)/ Rede Jubileu Sul. Artigo publicado originalmente no correio da revista Caros Amigos.
No último dia 13 de janeiro, o mundo acordou com uma calamidade de dimensões assustadoras: 1/3 da população de um país, três milhões de pessoas desabrigadas, mais de 100 mil mortos, cerca de 40 mil mulheres grávidas sem a menor perspectiva de um teto para abrigar seus filhos e filhas. A comunidade internacional se movimenta a passos lentos no sentido de responder o quanto antes a essa tragédia: o terremoto do dia 12 de janeiro no Haiti.
Como explicar que a longínqua China envie alimentos que chegam mais rápido que os dos EUA, que está a menos de uma hora de voo de Porto Príncipe? Como explicar que os mais de dois mil fuzileiros navais sejam os primeiros “bens” dos EUA a aportarem nesta ilha caribenha?
Cuba, Venezuela e a própria Comunidade do Caribe (Caricom) imediatamente enviaram seus médicos, pessoal qualificado para desastres dessa dimensão. O avião da Caricom não pode aterrissar no aeroporto Toussaint Louverture, assim como o avião da Força Aérea Brasileira. Tiveram que aportar em Santo Domingo, na República Dominicana, uma vez que os fuzileiros navais dos EUA tomaram o controle do aeroporto e dos portos haitianos.
Cabe a pergunta: como se fecha portos e aeroportos logo após uma tragédia dessa dimensão em que a comunidade internacional está se mobilizando para o envio de medicamentos, comida e roupas? Fechar portos e aeroportos não compõe uma estratégia de guerra? Assim sempre soubemos.
Desde 2004, o Haiti está ocupado pelas tropas militares da ONU através da Missão de Estabilização do Haiti – Minustah. Desde então, várias organizações nacionais e internacionais têm se posicionado pela retirada das tropas. Após seis anos de permanência no país, pouquíssimo fizeram para a reconstrução do Haiti.
Sabemos que o comando militar dessa missão está sob responsabilidade do Brasil. Por depoimentos já veiculados na mídia, soubemos que as tropas brasileiras estão fazendo do Haiti um campo de treinamento. Como já escrevemos em outros artigos, esses treinamentos servem ao processo de militarização de diversas periferias urbanas. Não é a toa que há treinamentos dessas tropas em favelas do Rio de Janeiro. Elas vão ao Haiti e depois retornam à cidade carioca, como foi o caso da ocupação do Morro da Providência pela Guarda Nacional, em 2008.
Nesse momento de catástrofe, nos perguntamos: que papel está tendo a Minustah? Onde estavam seus soldados nos primeiros dias da tragédia? Os relatos que nos chegam do Haiti são de que a população pobre ficou absolutamente abandonada.
Com o crescente papel dos EUA no processo de militarização da ajuda humanitária no Haiti, nos perguntamos o que faz o Presidente Obama, achando pouco enviar soldados que podem chegar ao número de 14 mil, mobilizar Bill Clinton e George W. Bush para serem os coordenadores do esforço de reconstrução do Haiti.
Como explicar que em um país tão pequeno e tão pobre do Caribe, dois ex-presidentes da maior potência de guerra do mundo – os EUA – sejam designados a cuidar de sua reconstrução? O que está por trás de tudo isso? Em nossa opinião, são estratégias de vários tipos de militarização de nossos países da América. Estamos vendo, ao vivo e em cores, em nome da ajuda humanitária, um país ser ocupado militarmente após uma catástrofe monumental.
Assim, temos que fortalecer o grito de retirada das tropas militares do Haiti. Não se faz ajuda humanitária com tropas militares. O povo haitiano, através de suas organizações e movimentos sociais, precisa ser apoiado para que sua voz fale mais alto no processo de reconstrução do país.
Desde última segunda- feira, (18/01) foi constituída no Brasil a Frente Nacional de Solidariedade ao povo haitiano formada por movimentos sociais do campo e da cidade, por centrais sindicais, pastorais sociais, movimento negro, de mulheres, enfim, um espectro amplo de organizações da esquerda brasileira. A tarefa central é trabalhar a ajuda direta junto a organizações sociais haitianas e pela retirada das tropas militares. Muito trabalho existe pela frente. A reconstrução do Haiti vai ser lenta. Mas, não esqueçamos a dívida histórica que todos temos com este país. O Haiti foi a primeira nação do mundo a abolir a escravidão. Será que é esse o seu pecado?
(*) Sandra Quintela, economista, é integrante do Instituto Políticas Alternativas para o Cone Sul (PACS)/ Rede Jubileu Sul. Artigo publicado originalmente no correio da revista Caros Amigos.
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